Quarta-feira, 4 de Março de 2015
Imagem de: Christian Coigny
Sabes, lembro-me da ansiedade que tinha naquele dia, do medo de ter criado expectativas demasiado elevadas. Lembro-me de ter ficado uns minutos à porta, com aquelas três rosas vermelhas num lindo ramo... olhei tanto aqueles números que só me lembro que começava por 3. Bati então à porta e quando ela abriu olhei-te pela primeira vez nos olhos. Eram verdes, apimentados por um castanho mel, a boca de lábios singulares, o cabelo cuidado e delicado, a pela clara pontilhada por umas sardas ligeiras que me deliciaram. Seguiste na minha frente e sem reparares descobri o resto do teu corpo todo.
Sentados sobre a cama, conversamos à medida que as borboletas viajavam na minha barriga. Embaraça-me saber que muitas das coisas não ouvi, pois estava demasiado ocupado a evitar avançar sobre a tua boca para a beijar. Os meus olhos beberam cada linha do teu rosto, as mãos avançaram devagarinho para junto das tuas e de repente os meus lábios revoltaram-se e tive de te dizer que me apetecia tanto fazer uma coisa... olhaste-me e finalmente as nossas bocas se uniram numa comunhão.
-=amadorjp=-
Quinta-feira, 16 de Maio de 2013
Não sou muito de novelas, mas ando a dar um olhinho à nova novela da TVI “Mundo ao Contrário”. É estranho, mas fala de um mundo que muitos não conhecem, mas que eu conheci de perto. Gangs e líderes de gangs, “trabalhinhos” encomendados, tráfico de droga e consumidores da mesma… na Amadora era um mundo comum.
Conheci líderes de gangs como o que mostram ali. Um deles foi um bom amigo. Um tipo que muitos conheciam como um betinho, um tipo normal e que eu conheci de perto. O nome não interessa nem sequer convém dizer, pois continua à frente dos negócios do bairro. Lembro-me de um acordo que fizemos… o segredo morria comigo e ele não fazia negócio na escola. Ele cumpriu sempre o acordo!
Tal como na ficção, as encomendas de roubos, assaltos, tareias e ajustes de contas era comuns. Soube de muitas e ele que me desculpe, mas sempre que pude alertei quem ia sofrer. Quanto a negócios, quem vive na Amadora e tem os contactos certos já fez negócios com esse pessoal. Jantes, auto rádios, CD’s, DVD’s, sei lá… vendia-se e comprava-se de tudo.
Pode parecer estranho, mas tive nesse rapaz em especial, um amigo que me safou de muita coisa. Recordo plenamente quando me roubaram a mota nas traseiras da esquadra central da Amadora e fui ao bairro dele… dois, três telefonemas depois e ele sabia onde estava a mota e tudo o resto. Sei que muitos favores teve de trocar, mas foi lá busca-la comigo.
Foram 23 anos de Amadora… e por muito que se queira, este submundo está sempre presente em quem vive naquela cidade. Ali sobrevive-se e vive-se muito pouco. Sempre a olhar por cima do ombro, sempre a vigiar as costas, sempre desconfiado…
Domingo, 8 de Janeiro de 2012
Naquele dia, como nos que antecederam aquele, queria dizer-te tudo, mas tinha medo que tudo acabasse entre nós. Encontramos-nos no hotel e depois dos corpos rolarem na cama, fomos jantar. Goês escolhes-te tu. Procuramos e lá consegui chegar (felizmente conheço bem Lisboa). O jantar nem foi grande coisa, pois tudo era de carangueijo... no entanto depois do prato principal decidiste ir à casa de banho. Ao te afastares olhava deslumbrado para o teu corpo. Com umas botas de cano, mini saia de ganga e uma camisola verde... estavas divinal pensava eu... Lá ao fundo o empregado deve ter pensado o mesmo. Ai se pudesse tinha-lhe dado uma tareia ali mesmo! No entanto foi aí que percebi que o ciume que sentia era diferente de tudo o que tinha sentido antes por qualquer outra pessoa. Tu mexias comigo de maneira diferente.
Enquanto estiveste fora da mesa, pensei em muita coisa, mas principalmente em tudo o que tinha sentido por ti desde que te tinha conhecido. Era tudo diferente... algo que não conseguia explicar... Sem perceber porquê, não me conseguia, nem queria afastar-me de ti!
Voltas-te para a mesa, bebemos café, pois nem sobremesa tinha de jeito e saímos para ir ao Parque das Nações... chegados ao carro, agarrei-te na perna e deitado sobre o teu colo disse-te toda a verdade. Chorei como nunca chorei por ninguém e o peito ficou um nó por pensar que tinha acabado tudo... No dia seguinte liguei e terminei tudo com a outra pessoa... Não fazia sentido continuar com alguém sabendo que te amava a ti. Logo de seguida liguei-te e... mesmo magoada, percebes-te que nós dois éramos só um e que tinha sido sincero.
Hoje não me arrependo minimamente de o ter feito. Cinco anos depois, tudo o que sentia está cá. Continuas a mexer comigo como ninguém, continuo a desejar-te como a ninguém desejei, continuo a não gostar quando vejo alguém a olhar-te com olhos de desejo... mas hoje sou mais feliz, pois tu és minha!
Amo-te linda e sempre te vou amar, pois nesta vida só temos uma metade que nos completa e tu, tu és a minha metade!
Quinta-feira, 5 de Janeiro de 2012
Todos gostamos mais de ver a nossa cara metade com algo vestido, com algo calçado, com uma cor em particular... no entanto a maioria dos homens gosta de coisas comuns. Saltos altos e uma bela lingerie fazem milagres ;)
Em ti, tudo o que vestes fica perfeito. Até com uma sweat-shirt larga vestida e o cabelo meio despenteado ficas linda! Mas quando olho para ti de vestido curto, com umas botas de estilo mais indígena e mostrando as tuas magníficas pernas, fico deslumbrado.
Já quando estamos a dois, num momento de maior intimidade, uma bela lingerie preta e uns saltos altos deixam-me doido! Sei que já to disse, mas no teu corpo tudo foi planeado com tempo e dedicação, por isso ele é tão perfeito. Neste novo ano que se iniciou à cinco dias, espero ver-te mais de saltos altos e claro continuar a desejar-te sempre que te olho, pois isso é sinal de que te amo como da primeira vez!
-=Amadorjp=-
Quinta-feira, 16 de Dezembro de 2010
Era inicio do mês e o ordenado tinha tardado a chegar. O final do mês passado tinha sido particularmente difícil e já não havia muito a vender… Juntei os trocos e vi que dava para o comboio e o autocarro, mas no regresso só chegava para o comboio. Olhei para a tua Margarida e seguimos caminho.
O frio que se fazia sentir, era igual ao que se sentia dentro de nós. O comboio seguia o seu caminho, mas eu só queria que andasse mais depressa, não que isso fizesse diferença, mas estar lá fora, era estar mais perto de ti.
Chegamos e enquanto esperávamos o caminho das pessoas ao nosso redor ia apenas para o café. Nós não podíamos. O vazio do estômago marcava o compasso a que as pessoas se deslocavam, mas o dinheiro já contado não nos deixava pensar nisso sequer.
Perto da hora do autocarro, a minha mão encontra um papel amassado. Era um Euromilhões. A tua Margarida olhou para mim sem esperança alguma e eu respondi: É Natal… vamos ver. Saiu-nos o Euromilhões exclamei. Aqueles dez euros fariam toda a diferença! Hoje já não voltaríamos ao frio e a pé.
O autocarro chega e segue o seu caminho. Por muito sinuosa que a estrada fosse, o estômago não se atrapalhava pois estava vazio. Quando chegasse o ordenado logo se comeria como deve ser, mas sem nunca esquecer que te tinha prometido uma Seia como a que sempre tinha tido.
Chegamos e aquele largo enche-se de esperança. Atrás do grande portão verde está uma hora só tua! As pessoas cumprimentam-se e procuram aquecer-se, mas o silêncio continua a reinar entre nós. Basta um olhar para perceberes que chegou a hora. Demos a mão um ao outro e segumos em passo rápido, pois todos os segundo contam.
Lá dentro, o abraço que nos espera aquece-nos o coração e a alma. Demos as mãos como se fossemos um só e só as largamos uma hora depois. Durante uma hora, partilhamos o mundo e entregamos amor e sem sequer nos apercebermos... demos início ao melhor Natal das nossas vidas.
Terça-feira, 22 de Setembro de 2009
Perdi-me hoje no silêncio e senti as saudades que vivem dentro de mim. Por vezes é preciso parar um pouco e deixar as lágrimas chegarem aos olhos por sentir a falta de quem mexe connosco. As saudades em mim são como que dispersas, pois faço questão de nunca as juntar para que nunca se apoderem de mim. Os pais, o irmão e alguns locais marcam as saudades que batem ao ritmo do coração. Curiosamente, algumas pessoas de quem deveria sentir falta, não me causam saudades. Não porque não me importem, mas porque me são menos próximas. Tudo é proporcional à falta que essas pessoas têm na minha vida.
Enxaguo as lágrimas, ganho fôlego e preparo-me para deixar isto de lado até à próxima vez...
-=amadorjp=-