O Natal está a chegar e como sempre, o pensamento por vezes traz-me recordações de um passado recente. Por estes dias fará anos que a quadra de Natal não era tão alegre. Faltava gente nos almoços de família! A nossa mesa já só contava com 2 pessoas. Os Domingos eram feitos em autocarros e comboios e nem que fosse por apenas uma hora, entre quatro paredes tão despidas, no meio de gente que mal conhecia... a família era perfeita. Naqueles dias, descobri o forte que sou. Descobri que um abraço pode ser tudo e que faz falta ter alguém do nosso lado. Naqueles dias uma hora não eram mais que 10 minutos... mas nesses 10 minutos que afinal eram uma hora, nós éramos perfeitos.
É dia 23 e parado no trânsito, a falar com uma amiga que hoje sei é a mulher mais importante do meu mundo, lembro-me de chorar. Disfarcei sim, mas as lágrimas caiam rosto a baixo. Não era tristeza, mas felicidade. Era um sentimento embargado que me apertava o peito. A tal família perfeita iria estar junta outra vez, desta vez sem olhares estranhos, sem paredes frias, sem mesas a separar. Era Natal na minha casa!
Preparei uma ceia de que te orgulhasses, pois assumi o comando do barco quando tu partiste e desfrutei de tudo como sempre, mas pai... bastavas tu para ser perfeito!
Hoje, estamos longe, mas sempre perto no coração. Sei que se a saudade bater, posso ligar e estás do outro lado. Sei que desse lado a ceia não é a mesma daquele dia, mas lembra-te do que dizia Saint Exuperie: "O Essencial é invisível aos olhos". O principal, está dentro de nós e isso... temos nós muito!
Hoje pai, embrulho um orgulhoso obrigado para ti como prenda.
-=Amadorjp=-