No dia em que te abandonei quis que ficasses para me veres voltar, é assim, sabias?, que os poetas amam, imaginei que me esperavas com a lingerie da nossa primeira noite, o sorriso maroto das tuas pernas entreabertas, os lábios pintados só para me marcares a sério, eu iria fazer-me de difícil, sabes como é, um olhar sério para aqui, uma palavra seca para ali, talvez até uma lágrima que treinei frente à loja de electrodomésticos antes de voltar, tu irias pedir por favor para eu te perdoar do que, nessa altura, juro-te, já não sei o que seria, só queria os lençóis fechados e o teu corpo frio no meu para inventarmos o calor perfeito.
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in Prometo falhar, a mais recente obra de Pedro Chagas Freitas.
Encomenda de exemplares autografados exclusivamente através do e-mail
pedrochagasfreitas1@gmail.com
Gosto de ser o teu porto de abrigo,
de dar segurança e conforto,
sentir que estás comigo,
sentir-nos um só corpo.
Gosto de te olhar a dormir,
bebendo cada linha desenhada,
viajando no teu sentir
e saber que por mim és amada.
-=amadorjp=-
Imagem de: Christian Coigny
Sabes, lembro-me da ansiedade que tinha naquele dia, do medo de ter criado expectativas demasiado elevadas. Lembro-me de ter ficado uns minutos à porta, com aquelas três rosas vermelhas num lindo ramo... olhei tanto aqueles números que só me lembro que começava por 3. Bati então à porta e quando ela abriu olhei-te pela primeira vez nos olhos. Eram verdes, apimentados por um castanho mel, a boca de lábios singulares, o cabelo cuidado e delicado, a pela clara pontilhada por umas sardas ligeiras que me deliciaram. Seguiste na minha frente e sem reparares descobri o resto do teu corpo todo.
Sentados sobre a cama, conversamos à medida que as borboletas viajavam na minha barriga. Embaraça-me saber que muitas das coisas não ouvi, pois estava demasiado ocupado a evitar avançar sobre a tua boca para a beijar. Os meus olhos beberam cada linha do teu rosto, as mãos avançaram devagarinho para junto das tuas e de repente os meus lábios revoltaram-se e tive de te dizer que me apetecia tanto fazer uma coisa... olhaste-me e finalmente as nossas bocas se uniram numa comunhão.
-=amadorjp=-
gosto de amar com os dedos,
encontrar o centímetro em que nasce o orgasmo
em ti, perceber a extensão da forma como te sobressaltas,
e encostar-te o meu ouvido à boca para ouvir a voz de
deus.
gosto de amar com os olhos,
gastar a hipótese do sono e ver-te adormecer,
a noite escura e o silêncio de um abraço,
e se queres que te diga
só te escolhi por engano, queria o amor dos livros
e virei escritor, os dias inteiros à espera do teu corpo
para que as metáforas aconteçam.
gosto de amar com as lágrimas,
praticar o abismo, a largura estreita dos teus lábios,
a sensação de mar excessivo da tua língua,
até a maneira como me percorres o sexo
com a extremidade da tua respiração parada,
e sobretudo submeter-me ao castigo da emoção
de te amar ainda depois do final do prazer,
a pequena morte acabada
e a vida toda outra vez a começar.
gosto de amar com o que me resta,
e tudo o que sei é que me resta amar-te.
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in Prometo falhar, a mais recente obra de Pedro Chagas Freitas.
Encomenda de exemplares autografados exclusivamente através do e-mail
pedrochagasfreitas1@gmail.com
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